Thursday, June 29, 2006

A Lúcia na Queima das Fitas

Queima das Fitas, dia do cortejo, esquina do Tropical, carros, cervejas entornadas, estudantes Erasmus (cada vez mais e cada vez mais homogeneamente freaks) e mães que esperam pelas filhas cartoladas com ramos coloridos. É um ambiente de alegria, despreocupação, certeza de um futuro risonho.

"Senhor, senhor, não quer comprar? Só um euro". A bela e sensata Mari()a diz baixinho: "Estás a fomentar o trabalho infantil", mas a miúda já tinha a minha moeda de dois euros. "Não quero duas tiras, dá-me só uma". "Não, senão demoro mais a vender tudo". "Então dá-me duas". A miúda fica por ali, a olhar para aquela festa, de repente com tons menos simpáticos e muito mais auto-indulgentes. "Senta-te aqui. Como é que te chamas?" "Lúcia" "E de onde és?" "Sou do Porto." "E tu vais à escola?" "Não." "Porquê?" "Não sei, a minha mãe não quer".

A Lúcia parece mais relaxada, um bocadinho mais criança e começa a brincar com as garrafas de cerveja. Tem um ar compenetrado e meio maroto e vai enchendo uma das garrafas com os restos das outras. Alguma das garrafas só têm espuma e ela agita-as antes de perceber que não consegue retirar nada daquelas. "Tem aqui uma garrafa cheia. Já não paga outra". Devias ir para gestão, Lúcia, com esse sentido já tão apurado do negócio. Colega da gente nos carros de flores vermelhas e brancas que passam na estrada onde desapareces para vender o resto das tiras de pensos.

Lopez Obrador – A Grande Experiência Mexicana

Lopez Obrador, aka El Peje, está a disputar as eleições no México. É um candidato de esquerda, com uma obra populista mas de rigor na cidade do México, em que deu dinheiro aos mais pobres, obrigou os ricos a serem mais responsáveis e ao mesmo tempo ajudou empresas e competitividade.

A direita, personificada por Calderon, um beato desenxaibido, jogou a carta do medo. Domingo, vão a votos. Espero que Lopez Obrador ganhe, é o primeiro político de esquerda desta nova vaga da América Latina que gostava mesmo de ver governar.

NYT – Madonna

Brilhante texto no NYT de hoje sobre a Madonna, a festa e a pós-festa.

"When pop stars sing about clubs, they're often singing about leaving them: the whole reason you go is to find someone to leave with. But there's not much that's flirtatious or suggestive about "Hung Up." It sounds, on the contrary, like the work of someone who's realized that there is no after-party: the party is all there is, and what happens on the dance floor isn't a means to a end -- it's the end. You don't go there to leave, or to somehow transcend it; you go there to stay as long as you can. Maybe it takes a 47-year-old pop star to figure that out."

Agitar Antes De Usar

Início do Blogue. Uma experiência a solo, depois do grande Bicicleta de Recados para o qual infelimente já não tenho tempo para acompanhar os grande Miguel Pinheiro e Sónia Guadalupe (mas que recomendo vivamente).

Bem vindos todos, espero que gostem, comentem e sugiram posts, ideias, comentários.

Abraços e beijos