A Lúcia na Queima das Fitas
Queima das Fitas, dia do cortejo, esquina do Tropical, carros, cervejas entornadas, estudantes Erasmus (cada vez mais e cada vez mais homogeneamente freaks) e mães que esperam pelas filhas cartoladas com ramos coloridos. É um ambiente de alegria, despreocupação, certeza de um futuro risonho.
"Senhor, senhor, não quer comprar? Só um euro". A bela e sensata Mari()a diz baixinho: "Estás a fomentar o trabalho infantil", mas a miúda já tinha a minha moeda de dois euros. "Não quero duas tiras, dá-me só uma". "Não, senão demoro mais a vender tudo". "Então dá-me duas". A miúda fica por ali, a olhar para aquela festa, de repente com tons menos simpáticos e muito mais auto-indulgentes. "Senta-te aqui. Como é que te chamas?" "Lúcia" "E de onde és?" "Sou do Porto." "E tu vais à escola?" "Não." "Porquê?" "Não sei, a minha mãe não quer".
A Lúcia parece mais relaxada, um bocadinho mais criança e começa a brincar com as garrafas de cerveja. Tem um ar compenetrado e meio maroto e vai enchendo uma das garrafas com os restos das outras. Alguma das garrafas só têm espuma e ela agita-as antes de perceber que não consegue retirar nada daquelas. "Tem aqui uma garrafa cheia. Já não paga outra". Devias ir para gestão, Lúcia, com esse sentido já tão apurado do negócio. Colega da gente nos carros de flores vermelhas e brancas que passam na estrada onde desapareces para vender o resto das tiras de pensos.
"Senhor, senhor, não quer comprar? Só um euro". A bela e sensata Mari()a diz baixinho: "Estás a fomentar o trabalho infantil", mas a miúda já tinha a minha moeda de dois euros. "Não quero duas tiras, dá-me só uma". "Não, senão demoro mais a vender tudo". "Então dá-me duas". A miúda fica por ali, a olhar para aquela festa, de repente com tons menos simpáticos e muito mais auto-indulgentes. "Senta-te aqui. Como é que te chamas?" "Lúcia" "E de onde és?" "Sou do Porto." "E tu vais à escola?" "Não." "Porquê?" "Não sei, a minha mãe não quer".
A Lúcia parece mais relaxada, um bocadinho mais criança e começa a brincar com as garrafas de cerveja. Tem um ar compenetrado e meio maroto e vai enchendo uma das garrafas com os restos das outras. Alguma das garrafas só têm espuma e ela agita-as antes de perceber que não consegue retirar nada daquelas. "Tem aqui uma garrafa cheia. Já não paga outra". Devias ir para gestão, Lúcia, com esse sentido já tão apurado do negócio. Colega da gente nos carros de flores vermelhas e brancas que passam na estrada onde desapareces para vender o resto das tiras de pensos.