A Doninha

Canções dançáveis de Verão, som sofisticado mas despretencioso, álbum diverso, referências inteligentes ao nosso universo pop, colaborações bem esgalhadas com gente de qualidade (José Luís Peixoto, Sassetti, Gato Fedorento), um pastiche de uma música dos grandes e sempre esquecidos Repórter Estrábico. Mantendo a força habitual.

Grande álbum dos Da Weasel.

De Boazinha a Boazona

(Foto do E Deus Criou a Mulher; aqui)

De Boazinha a Boazona, um dos melhores títulos de sempre, aplicados na perfeição à Nelly Furtado, no Blitz, e transmitido via grande Zorze.

E aplicado na perfeição também a Cláudia Vieira, que de miudita gira, e engraçada, mas bastante igual a dezenas de outras, se transformou via outdoors, soutiens e cuecas numa mulher na qual se davam (várias) mordiditas.

"A sensualidade sempre fez parte de mim, embora de uma forma mais recatada do que nesta fase”. Queria fazer esta campanha para se “desligar desse lado de menina e passar a ser a Cláudia Vieira mulher, mais sensual”. "Vou andar no meio da rua de cuecas e soutien,
mas lido bem com isso”.

Ah, o coming of age, por vezes tem aspectos muito, muito positivos.

Andamos a Comer DNA!!!!

A melhor primeira página que li na vida foi no tablóide Der Bild: "Vamos comer DNA!", escrevia-se, tom de escândalo, consternação e inevitabilidade. O Bild esqueceu-se de acrescentar que andamos, nós e todas as outras espécies não autotróficas, a comer DNA há milhões de anos.

A última notícia sobre o CV de Sócrates fez-me lembrar o Bild: "Sócrates fez última cadeira do curso com trabalho feito em casa!". Mas em vez do Bild, jornal sensacionalista, pouco respeitado, e que se leva a si próprio pouco a sério, a notícia foi dada na imprensa de referência, Sol, Público, Expresso, TVI, etc, etc.

E ainda dizem mal da imprensa americana…

32

32 pessoas não vivem hoje. Um jornal assegura que "God Cares; We Choose". Difícil de acreditar depois de uma tragédia tão arbitrária. Momentos em que temos que nos perguntar qual o sentido da vida; e o que verdadeiramente escolhemos.

O Malai Azul vs. o Público, a TSF, a RTP, o Expresso…

O Malai Azul publica o timor-online.blogspot.com. Malai como qualquer estrangeiro em Timor; azul, não faço a mínima ideia porquê. O Malai Azul conta a vida quotidiana de timor; pequenas histórias do que se passa em Dili, com um detalhe que evoca imagens intensíssimas a quem (como eu) por lá passou.

Nas eleições o Malai Azul relatou o que se passava com o mesmo detalhe; e enquanto Público e restante media em Portugal dava Ramos Horta à frente, o Malai relatava uma história diferente. E tinha razão.

Fascinante mundo, em que alguém, no terreno, tem o poder de difundir para o mundo o que se está a passar, curto-circuitando jornalistas ou desconhecedores do país onde estão, ou ignorantes, ou até a soldo de interesses pouco claros. Bem hajas, Malai Azul.

O Público. Os Jornalistas Moralistas!

Não consigo perceber esta história da licenciatura de Sócrates. Muitas pequenas informações, muita especulação. Mas nada indica que o homem é culpado de mais que embelezamento de currículo (o que não é bonito, mas nada de surpreendente ou grave).

SIC notícias, ontem. Vários jornalistas – o inacreditável Ricardo Costa; o director do Público – batiam fortemente no primeiro-ministro; tom de moralistas impolutos. Socrátes deveria dar uma conferência de imprensa e não uma entrevista à RTP; Sócrates demorou imenso tempo a responder à polémica: "Se não tem nada a temer, porque é que não se explicou antes?"; extraordinário argumento.

Rangel hoje diz que esta história, alimentada pelo Público, se relaciona com a falhada OPA da Sonae; seria a vingança pela pouca colaboração do Governo. Acusação pesada, que faria dos jornalistas moralistas e impolutos, afinal títeres de um Portugal cínico; mas é uma explicação mais lógica, mais terra-a-terra e mais parcimoniosa para esta polémica estéril, inconsequente e ruidosa…

Beleza? Ou contexto?

Se um dos melhores violinistas desse um concerto de borla, incógnito, num lugar onde circulam centenas de pessoas, o que aconteceria? Será que a qualidade da performance se perderia no meio do espaço inusitado (como as pessoas que sem saber o autor, dizem que textos de Goethe e Shakespeare são pomposos e insuportáveis…). Ou a beleza e a qualidade da performance brilharia por si só; ou mais simplesmente alguém reconheceria o violinista, passaria a palavra e as pessoas congregar-se-iam para aplaudir o espectáculo único?

É a beleza absoluta? Ou é só tudo contexto?

Aconteceu em Washington DC. E podem ler uma grande reportagem e um filme do acontecimento aqui. Vale a pena.

Bye Bye Ramos Horta

Ramos Horta vai levar um enorme banho nas eleições de Timor Leste. Ramos Horta é arrogante, irritante, mas a sua derrota é também a derrota do discurso moderno, contemporâneo, desempoeirado (mesmo na sua aproximação à Austrália que nós em Portugal tanto adoramos detestar). Mas para um país atrasado e tão pouco contemporâneo parece-me ajustado…

The All Silly Minister

O ministro da economia, depois de ter dito que o Algarve precisa de mais turismo residencial, aka, velhos que se querem retirar ao solzinho quentinho daqui, propõe que se promova o Algarve baseado num trocadinho brilhante de AllGarve.

Impagável o senhor ministro.

O País Católico

Fico sempre espantado quando Portugal é referenciado como país católico. Mas depois, há vários detalhes que me fazem pensar se não estou simplesmente a ser incapaz de ser objectivo.

Duas de três férias em Portugal estão relacionados com o catolicismo. Uma delas muda todos os anos e as férias escolares mudam com ela! (O que é inacreditável). A Páscoa nos Estados Unidos é como se não existisse…