We Are All Millionaires

Short break numa capital europeia. Várias dezenas de novos cidadãos da cidade imperial, não turistas, cidadãos temporários, passeiam pela avenida larga.

Deitada no passeio, gorda, preta, sobre cartões, carrinho de supermercado, homeless, cidadã não temporária da capital europeia, na avenida imperial, uma mulher grita "You are all millionaires! You are all millionaires! You are all millionaires!"

And we are.

País das Bananas

Esta história de um professor que tem um processo disciplinar por ter dito O QUE QUER QUE SEJA em privado é INACREDITÁVEL. Uso maiúsculas –um caso raríssimo, senão único aqui no Agitar– para que se perceba a minha incredulidade deste assunto. Isto é matéria de Direitos Humanos, liberdade de expressão. A tranquilidade com que esta notícia tem sido recebida em Portugal assusta-me.

A Directora Regional de Educação tem que ser demitida. Já. Garanto aqui que nunca votarei no Sócrates se este caso não tiver esse desfecho.

People to the Video Power!

Grandes videos dos Red Hot Chili Peppers. Simples, terno e directo; mini-enciclopédia do mundo da música pop; ligação directa aos fans; grande produção com muitos figurantes, muita gente. Ora aí está uma banda a toda a largura!

Mas há grandes vídeos por aí, alguns deles até vindo de gente insuspeita (justin, aguilera); a experimentação, o vídeo digital, os muitos milhares de pessoas a criarem novas coisas, o youtube, a atingirem em grande os media. Ah, fantástico mundo em que vivemos.

Como Vais Ser, Sarkozy?

Nas eleições francesas uma votação esmagadora, logo positiva e de esperança, elegeu um Presidente disposto a reformar a França, aproximando-a do modelo americano. Estou muito curioso; será possível sermos mais eficazes, mais ricos, mais pro-mercado, sem perder férias, e férias pagas, vinhos, queijos, foie-gras, feriados em barda, educação e saúde barata? Não é nada fácil; mas sinceramente espero que Sarkozy consiga.

A Geopolítica Europeia

Sábado, antes dos Da Weasel e DJ vibe –tudo enquadrado com a célebre morangona (juro que não bebo mais álcool nas próximas semanas)– o Festival da Canção. Palco imponente cheio de luzes; público entusiasta; roupinhas ora formais, ora modernaças; as vozes engraçadinhas, as vozes grossas; as loiras, as morenas; os concorrentes espojados em sofá a abanar bandeirinhas. O grande momento da votação: ligação a cada capital, "Good night Helsinky!", "our first vote goes to…", classificação em constante alteração, emoção em crescendo. Tudo sem ter ouvido as (horripilantes) canções; torcer por países sem ligação ao mérito do que supostamente está em jogo!

Nessa arbitrariedade não estou sozinho. Os nórdicos votam uns nos outros, os da ex-jugoslávia também; os moldavos votam na Arménia e vice-versa; os da ex-USSR dão-se os pontos (mas não à Rússia); os do Báltico ajudam-se. Chipre votou na Grécia. Malta votou na Inglaterra (vou investigar a questão histórica que explica isto). Portugal votou na Ucrânia (magnífico exemplo da nossa nova demografia). Os países grandes (França, Inglaterra, Alemanha) não têm amigos; ficam em último!

E em coisas mesmo importantes (ONU, FMI, NATO, etc, etc) será também assim?

José Cid – O Maior

Muita cerveja, uisque, tapas. (Seis euros!). Caminho até ao recinto. –"Faz, faz , bébé, bébé" –"Isso não é hoje, é no Sábado". Shot de tequila em Bioquímica (eu); shot de uma mistela amarela em economia (Hugo e Tiago); shot horrível em Gestão Hoteleira (Luís) shot de três cores em Portimão (Vanda); mata bois (ahrgggg) na RUA. Concerto da uma pujante acordeonista que sozinha, arranca para um medley contínuo que percorre Rádio Macau e Quim Barreiros; as Doce e os Xutos. "Joana Reis, Joana Reis", grita a multidão enlouquecida, "Quero-me casar contigo".

Finalmente o grande momento: José Cid, mais nove músicos; metais, baixo, guitarra, coro. Arranca em grande: Se O Nosso Amor Findar, Só Me Ouvirás Cantar, …. "No eurofestival da canção de 1980". 27 anos atrás. Repito: 27 anos atrás.

As canções seguem, todas conhecidas, background do público a engrossar cada palavra. José Cid solto: "A esses cabrões que fazem a guerra temos que dizer não. NÃO!". Pelo meio uma desilusão: "Mike Seargeant, aqui ao meu lado escreveu esta música". E sai "Fecha a porta, apaga as luzes" – A letra do grande grupo feminino da música pop portuguesa foi escrito por um homem.

A malta está entusiasmadíssima, dança, ri-se, diverte-se em GRANDE. E não é a gozar. Está mesmo a gostar do concerto. "Como o macaco gosta de banana …"

Foreclosure

Muitos milhares de americanos estão a perder as suas casas por não poderem pagar os empréstimos bancários. Sobreendividamento, subida taxa de juros, economia relativamente fraca, bancos gananciosos e irresponsáveis, explicam a tragédia humana e social.

Estamos livres do mesmo? Espero que sim…

A Não Democracia Espanhola

Sofia, horas de vida, todos os privilégios do mundo, atenções internacionais, uma vida de fausto e despreocupações. Horas e horas e horas de televisão (pública...) dedicada a ela, à avó, ao avô, ao pai, à mãe, ao tio, à tia, aos primos.

Um pequeno pormenor, sempre esquecido pelos europeus na sua auto-otorgada superioridade moral relativamente ao resto do mundo; quase metade do velho continente tem como chefe de estado gentes que não fizeram senão nascer, e que simbolicamente impõem na sua sociedade (e de algum modo também ao resto dos países europeus) uma ideia simples: Quem nasce bem safa-se; os outros talvez.