Friday, October 26, 2007

A Vénia ao Dinheiro

Se há um assunto onde me sinto próximo da velha esquerda é num certo ódio ao dinheiro que tem origem em simplesmente gerir dinheiro. O BES aumentou 60% os seus lucros relativamente ao ano passado. À custa de taxas irrelevantes, juros, comissões, spreads arredondados para cima, etc, etc. E não produz nada, não decorre de uma ideia nova, não ajuda ninguém, é conseguido por uma situação de cartel entre os outros bancos; se alguém baixasse os preços, seguramente não haveria estes lucros vergonhosos.

Isto toma outro tipo de dimensões quando um banqueiro tem do seu bolso 12 milhões para pagar uma dívida do filho, que o seu próprio banco tinha anteriormente perdoado. 12 milhões, repito, 12 millhões de euros!!!!

Curioso é a neutralidade com que esta história é reportada na nossa comunicação social. Se a história do perdão da dívida do filho do banqueiro fosse na política (ou no futebol…) havia de ser bonito; mas os jornalistas pelos vistos sabem bem quem lhes paga o ordenado ao fim do mês.

9 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Que bom era ter um pai banqueiro, gastar 12000000 €... e não estar constantemente a pensar no que me vai fazer ao bolso o próximo aumento das taxas de juro

7:36 AM  
Blogger Zorze said...

Quem não tem pais ricos, vai ao BES... That´s why.

2:15 PM  
Anonymous Anonymous said...

O rico tem nome fino,
O pobre tem nome grosso,
O rico paga as dívidas do filho
E o banco leilo-a a casa do moço.


P.S: a casa do moço (pobre) é leiloada porque este deixa de conseguir pagas as prestações do empréstimo concedido pelo Banco para a compra do seu T1 na Amadora de Baixo, a tempo e horas...

4:53 PM  
Anonymous Anonymous said...

A LIBERDADE


Ai que prazer
não cumprir um dever,
ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada
estudar é nada.
O sol doira
sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa,
de tão naturalmente matinal,
como tem tempo, não tem pressa…
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
a distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças…
Mas o melhor do mundo são as crianças,
flores, música, o luar e o sol, que peca
só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
é Jesus Cristo
que não sabia nada de finanças
nem consta que tivesse biblioteca…



Poema escrito por Fernando Pessoa

6:47 PM  
Anonymous Anonymous said...

Isto é que é um pai à maneira... não só perdoa a dívida do filho como a seguir, para que não se fale em favoritismo, a paga do próprio bolso...
Se eu não tivesse um PAI com carácter, também queria um daqueles...

12:25 AM  
Blogger Paulo Coelho Vaz said...

Brilhante meu caro.

Quanto à concorrência que referes, ela é possível. Basta o governo eleito por nós dar indicações à Caixa GD para baixar as taxas!
Mas coleta indirecta se calhar é mais importante...

9:27 AM  
Blogger Muffi said...

Pois, os tipos da CGD são tão ladrões ou mais que os outros...

9:33 AM  
Blogger tiago m said...

Coelho estou completamente de acordo. A função da Caixa como banco do estado era regular pela acção; nomeadamente praticar preços não exagerados. Mas muito provavelmente as colectas indirectas são importantes, sim

Querida Muffi, por acaso, provavelmente a Caixa deve ser mais controlada sim. Pelo menos menos ligada às grandes redes de influência onde quem é amigo (ou filho…) se safa com muito mais facilidade.

9:31 AM  
Blogger João Paulo Pedrosa said...

Não é preciso ser rico para nos deixar estas boas, aliás muito boas notas. Assim é que é escrever direito sobre linhas de financiamento tortas!

8:32 PM  

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