Thursday, September 25, 2008

Mas Eles Ainda Andam Aí?

Nesta crise financeira, o mais extraordinário é que os mesmos (sim, quase sempre homens...) que comentavam a economia anteriormente, e que não viram nada de errado com ela, e que tinham a certeza que ia ser assim, continuam a ser os mesmos que agora comentam, e que continuam a ter todas as certezas que vai ser assim, que eles é que sabem, e que os políticos (e o resto de toda a população!) são todos uns incompetentes por não seguirem os seus conselhos. Isto acontece em todos os países, em todos os meios de comunicação.

Gostava de ter um destes empregos: ganhar milhões, cagar sentenças, não ter qualquer responsabilidade, e quando dá asneira..., continuar a ganhar milhões, continuar a cagar sentenças, e não ter qualquer responsabilidade. E ter o Estado a pagar muitos, muitos, muitos, muitos, muitos, muitos, muitos, muitos, muitos, muitos milhões de euros/dolares para limpar o problema.

Em Portugal, um dos homens que sempre me irritou a um nível epidérmico foi o insuportável António Borges; Sócrates ontem foi letal, e pelo menos um destes "peritos" levou publicamente nas orelhas! Lindo...

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Miguel Sousa Tavares, na última edição do semanário "Expresso", na sua rúbrica semanal:


"HONRA: ALGUÉM SE LEMBRA"

" Há apenas uns meses, o senador McCain, que em Janeiro se poderá tornar o próximo Presidente dos Estados Unidos, afirmava ainda que o governo federal se deveria "manter fora" dos assuntos que tinham que ver com o funcionamento do sector financeiro e do "livre mercado" capitalista. Embora já então fosse mais do que evidente que a chamada crise do "subprime" no sistema financeiro americano estava ainda longe de mostrar o fundo e que o fundo era um lamaçal onde alguns dos mais incensados 'colarinhos brancos' dos Estados Unidos estavam atolados em práticas impensáveis de batota e especulação irresponsável, o velho senador mantinha-se ainda atado de pés e mãos à crença de que o capitalismo é conforme à vontade de Deus e que qualquer veleidade de vigilância sobre ele é um erro económico e um atentado aos "valores" da "sociedade liberal". Mas esta semana, confrontado com a decisão do Tesouro de injectar 85.000 mil milhões de dólares na AIG para evitar a falência da maior seguradora mundial e o colapso de milhões de pensões de reforma de americanos que trabalharam toda a vida confiando no sistema, McCain teve de rever o seu discurso, embora talvez não as suas convicções. Agora, já veio falar na necessidade de regulação de um sector que revelou "excesso de ganância e de irresponsabilidade". Com dezenas de milhões de votos de pensionistas a serem disputados em Novembro, com o dinheiro dos contribuintes americanos largamente empenhado para salvar a AIG, os dois maiores gigantes do crédito hipotecário e vários bancos entre os quais o sagrado JP Morgan, mesmo o mais doutrinário dos nefastos "neocoms" americanos não pode ignorar esta verdade vexatória: o capitalismo americano, o farol da terra, está a tentar ser salvo pelo Governo dos Estados Unidos com recurso a medidas que fazem lembrar o PREC português, dos anos 70. Só que, se então eram os comunistas que tratavam de nacionalizar a economia por questões ideológicas, agora são os próprios capitalistas a aplicar medidas comunistas para se salvarem a si próprios. Quem paga? Pagam os contribuintes, os que trabalharam em troca de um salário, enquanto os administradores do falido Lehman Brothers recebem milhões a título de prémio de 'boa gestão' ou indemnização para se irem embora, depois de terem afundado o navio.

Anos e anos a fio, os 'liberais' têm-nos explicado que as empresas têm de crescer, crescer sem limite, para "ganharem dimensão estratégica" numa "economia global". E os governos tudo têm feito por isso: consentem e estimulam as fusões e aquisições, mesmo sabendo que tal diminui e falseia a concorrência - que é um dos pilares do mercado livre - e que, quando um gigante assim insuflado, como a AIG, tropeça na sua própria dimensão, são milhões de postos de trabalho de gente inocente que vão ser postos em causa e um efeito de cascata que se desencadeia, abalando toda a economia. Bem dizia Marx, que, entregue a si próprio, o capitalismo se devoraria.

O que falhou? Falhou a noção de honra dos capitalistas e a noção de dever dos governantes. Falhou a consciência da responsabilidade social do dinheiro, substituída pela simples ganância de mais e mais lucros, sem olhar sequer a regras de prudência elementares. Vimos como, entre nós, um banco que era apontado como um "case study" de modernidade e inovação, onde mandavam os gestores profissionais e não os accionistas parasitários, se transformou num "case study" de tropelias de toda a ordem, em que o objectivo principal da gestão parecia ser, não o de servir os accionistas, os clientes, os trabalhadores do banco ou a economia nacional, mas sim a luxúria e o desejo de acreditação social dos seus gestores. No antigo faroeste americano, os que eram apanhados a fazer batota ao jogo eram despidos de tudo, pintados com alcatrão, cobertos de penas e expulsos da cidade. Hoje recebem milhões de indemnização para se irem embora e reformas vitalícias que são um escândalo público. Porque, quando a honra deixa de ser um valor na vida em sociedade, a vergonha não pesa nada."

3:46 PM  
Blogger Paulo Coelho Vaz said...

Tiago

Deixa-me primeiro partilhar contigo a opinião daquele que seria o melhor Presidente da Républica, Mário Soares, no qual defendeu esta semana que o pior que pode acontecer nestas alturas é o conceito de privatizar os lucros e nacionalizar os prejuízos.

E também que pior que o António Borges, que já ganhava milhões antes de cagar sentenças, é o candidato a Presidente dos Estados Unidos John McCain, que tu tanto idolatrizas, que a primeira coisa que fez foi cancelar a campanha e pedir o adiamento do debate marcado para hoje, com receio que os resultados das políticas econômicas por si defendidas nos últimos 8 anos, lhe prejudiquem o desempenho no debate...
É preciso ter lata!

12:07 PM  
Anonymous Anonymous said...

MM -> Por falar em cagar sentenças, então e os reguladores onde andam e os bancos tipo JPMorgan os LBrothers e outros que andam sempre a cagar sentenças sobre o preço alvo de outras empresas como é nunca cagaram sentenças sobre as suas proprias. São tão inteligentes na casa dos outros e não viram a sua propria insolvência, quem vai acreditar neles agora (bem alguns deles não é necessario pois já não existem). AS entidades reguladoras onde andaram?? Deviam ser caçadas as suas licenças. No caso americano é diferente ai não existe qualquer regulação. E os grandes "magos" que são contra a intervenção do estado,quando a coisa fica negra já são a favor....

8:37 PM  

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