Sunday, November 02, 2008

Festa! Previsão. Obama Irritante.

Há 12 anos, em Coimbra, um monte de gente acabou em frente a uma televisão a ver Bill Clinton a ganhar eleições; não me lembro de quem era a casa, mas lembro-me que havia pipocas e uma bandeirinha americana (que eu tinha em casa vinda dos Jogos Olimpicos de Barcelona).

Pois, meus caros/as amigos/as, tempo de repetir a festa; terça feira a partir das 22h00 estão convidados/as para virem ver o grande show (primeiros resultados a partir das 24h00). Desta vez com direito a champagne!

Para quem não estudou em Coimbra, temos pena, mas estão convidados/as na mesma.

Vai haver pipocas; bandeirinhas americanas não (curiosamente agora é que não tenho!); a NPR ligada e a CNN ou a CBS também (felizmente vamos poder ignorar os comentários muitas vezes ignorantes dos pseudo-especialistas portugueses sobre a matéria…)

Previsão: Obama vai ganhar 53%-47%; e ganha Pensilvania, Virginia, Ohio e Florida; um banho portanto; os democratas vão ficar com 59 votos no Senado.

Duas notas: vale a pena ver este anúncio do McCain no SNL (fantástico; o homem é pessoalmente mesmo o máximo).

Obama pode ser profundamente irritante; como quando diz que o seu livro favorito á Biblia (resposta de caca…); ou quando diz que o seu epitáfio deveria ser que tentou fazer o bem do mundo ("It's a simple thing, really; but it's not always easy to do it). Mas tem as políticas certas, o entusiasmo certo e a boa vontade do mundo para tornar a pôr a América de pé. E o mundo bem precisa disso!

17 Comments:

Anonymous Anonymous said...

É bom que aqui deixes a morada para que possamos lá ir ter!

9:46 PM  
Blogger osbandalhos said...

Coluna de Manardi:

Eu desconfio de qualquer americano que saiba localizar a Toscana no mapa. O melhor dos Estados Unidos é isso: o sincero descaso de seus habitantes pelo que acontece a mais de 1 milha de suas casas hipotecadas. Quem está do lado de fora, na Toscana ou no Tocantins, costuma interpretar esse descaso como uma forma de menosprezo. Mas é o contrário: é uma forma de modéstia. Os americanos apegam-se a um ou dois conceitos herdados de seus antepassados e, com humildade, simplesmente se recusam a discuti-los. Temo o dia em que eles decidam endurecer o molejo de seus Dodge Durango. Temo o dia em que um estudante secundarista de Dakota do Norte seja proibido de descarregar sua espingarda no pátio da escola. Temo o dia em que um imigrante ilegal, sem plano de saúde, seja prontamente atendido no hospital.

Barack Obama representa um americano mais cosmopolita, que come espaguete com bottarga, instala um bidê em seu banheiro e está disposto a tomar chá de menta com o terrorista palestino que dá aulas em Colúmbia. Com Barack Obama, a campanha eleitoral americana se internacionalizou. Pior do que isso: ela se abrasileirou. Alguns dias atrás, Barack Obama imitou nossa propaganda e fez um programa de TV de meia hora. Como um candidato à prefeitura de Fortaleza ou de Rio Branco, ele prometeu oferecer remédio grátis e construir umas creches na Zona Oeste, se é que entendi direito. O abrasileiramento da campanha de Barack Obama tem outros aspectos igualmente alarmantes, como o plano de redistribuir renda aumentando os impostos dos mais ricos, e doando dinheiro aos mais pobres. O futuro dos Estados Unidos é Patrus Ananias.

O ritmo de samba contaminou até mesmo a imprensa americana. Nas primeiras páginas dos jornais, Barack Obama recebeu 45% de cobertura positiva. John McCain, 6%. O New York Times comportou-se como o jornal de um senador maranhense, aderindo à campanha de seu candidato. Um jornal pode aderir à campanha do candidato que quiser. O que está errado é o empenho em abafar todos os fatos que possam criar-lhe algum tipo de constrangimento. Foi o que ocorreu neste ano nos Estados Unidos. Qualquer pergunta sobre Barack Obama foi caracterizada como uma forma de racismo, ou de asnice, ou de caipirice.

Se a campanha de Barack Obama contou com mais dinheiro, com a torcida do presidente iraniano e com a ajudinha marota da imprensa, a de John McCain respondeu à altura com Tito, o Construtor. Tito, o Construtor, é igual a Bob, o Construtor: tem o mesmo capacete de operário, o mesmo trator, a mesma betoneira. Só que, ao contrário de Bob, o Construtor, que é feito de plástico, Tito, o Construtor, é feito de tamales e de chicharrón. Ele é um imigrante colombiano. Na semana passada, subiu no palanque dos republicanos e, com seu sotaque de Speedy Gonzales, pediu mais liberdade e menos impostos, recusando as migalhas do governo e defendendo o trabalho duro. Se Barack Obama derrotar Tito, o Construtor, nunca mais ponho os pés na Toscana.

10:06 PM  
Anonymous Anonymous said...

Vamos fazer uma petição para que 4ª feira seja decretado feriado nacional em Portugal, para que a malta 'de longe' possa ir até aí festejar contigo...

3:24 PM  
Blogger Paulo Coelho Vaz said...

Tiago

Tenho que concordar contigo. O McCain é mesmoo máximo. Neste momento é o meu preferido. Mais até que o nosso amigo Pedro Tochas (desculpa Mala, mas tu tens mais anos para ser o numero 1...). E a Sarah não lhe fica muito atrás (claro que ainda pode aprender umas coisas com a Maria Ruef).
Mas os dois são melhor parelha de comediantes, desde o Senhor Feliz e Senhor Contente (diga à gente diga à gente, como vai esse país...)!

Agora o que é bom é termos a esperança de na quarta feira acordarmos como a certeza de um melhor futuro, para os EUA e para o mundo!

Sim porque nem todos poderão ficar acordados a noite toda. Mas às seis da manha (hora de Lisboa) ligo-te...

9:13 PM  
Anonymous Anonymous said...

E a festa é onde, amigo?!? Por onde andas nos dias que correm?

E tens mesmo a certeza que vai ganhar? confesso que desta vez vou esperar para ver e, então, abrir o champagne...

E, já agora, para agitar as coisas:
http://www.truthout.org/110308A

E...

12:09 AM  
Anonymous Anonymous said...

É pena é já não viveres em Coimbra... Da outra vez foi onde???
alex

2:22 PM  
Blogger tiago m said...

Querida Ana!
a festa é em Lisboa; onde estou por estes dias

Alex,
perguntas bem… não sei onde foi; tenho um feeling que foi na casa da Catarina Requeijo, mas não há confirmação; foi numa casa qualquer!

2:31 PM  
Blogger Unknown said...

Acho que foi na casa do JPS...

3:07 PM  
Blogger tiago m said...

inês!
nada como uma previsão de quem esteve lá!

pedi ao jps para t telefonar para vires à festa (e ao nuno fonseca tb);
imagino que eles não vos tenha dito nada, o malandro

mas gostava muito que viesses

3:44 PM  
Blogger Unknown said...

fui convocada mesmo em cima da hora, nao consigo ir.
Mas beberei o meu copo de champanhe em casa. Espero...

4:53 PM  
Anonymous Anonymous said...

Epa! Onde é a festa? TB kero ir!

8:35 PM  
Blogger tiago m said...

querido anónimo,
é só enviar um email para
agitarantesdeusar@gmail.com
e as direcções ser-lhe-ão enviadas!

facil;

8:38 PM  
Blogger Luísa said...

http://br.youtube.com/watch?v=A0dMxqgS1-8&feature=related

3:25 PM  
Anonymous Anonymous said...

E para nos que perdemos a festa? Só daqui a quatro anos??

12:53 AM  
Anonymous Anonymous said...

Cara Sofia, até logo então.

8:58 PM  
Anonymous Anonymous said...

Baptista Bastos no seu melhor, hoje, no Jornal de Negócios. Discorre sobre a vitória do Obama e os comentários portugueses a essa mesma vitória.Verdadeiramente Impredivéis os últimos dois parágrafos. Aqui fica a artigalhada como costuma dizer o grande Armando B.B.:


« O PROGRESSO E A NAFTALINA»

« Em 1927, Al Jolson pintou a cara de negro para ser "O cantor de Jazz", o primeiro filme sonoro norte-americano. O enredo era inverosímil, mas nada se comparava ao absurdo de colocar um branco a fazer de preto. Preto, nos Estados Unidos, estava impedido praticamente de tudo, menos de ser espancado, humilhado, vexado, desprezado.


« Quarenta anos mais tarde, Stanley Kramer realizou "Adivinha quem vem jantar?", filme no qual o negríssimo Sidney Poitier beijava uma alvíssima Katharine Houghton. Este terrível requisitório contra o preconceito racial foi perseguido, proibido de ser exibido em numerosos Estados americanos, alvo de artigos sulfúricos assinados pelos mais cotados comentadores de Direita, um dos quais, Clark Silverston, invocava a purificação das labaredas para a película, o seu realizador e todos os seus intérpretes, entre os quais Spencer Tracy e Katherine Hepburn.

« Hollywood vivia, ainda, sob o que restava do Código Hayes, um documento regulador do que devia e não devia ser filmado. Georges Sadoul, o grande historiador e ensaísta cinematográfico francês, conta, em "Le Cinéma", a incongruência das medidas restritivas contidas no Código. Claro que a inclusão de negros era severamente vigiada, e apenas permitida em circunstâncias muito especiais: pertenceriam, sempre, às classes mais inferiores. A infâmia do documento representa, afinal, a imagem da sociedade, cuja hipocrisia, provincianismo e conservadorismo religioso constituíam fortes elementos. Eis um dos itens: "O nu completo não é admitido, em hipótese alguma. A proibição é, também, para o nu de perfil e toda a visão licenciosa de personagens do filme. É igualmente proibido mostrar órgãos genitais de crianças, inclusive de recém-nascidos. Órgãos genitais masculinos não devem sobressair. Caso um tema histórico exija uma calça justa, a forma característica dos órgãos genitais deve ser suprimida, na medida do possível. Os órgãos genitais da mulher não devem aparecer, nem como sombra, nem como sulco. Toda a alusão ao sistema capilar, inclusive as axilas, está proibida."

« O puritanismo desabusado desta América moldou-lhe o perfil e estruturou-lhe a alma. Há trinta anos, um negro tinha de se sentar nos fundos dos autocarros. Um miúdo, em Alabama, foi assassinado a tiro, porque assobiara à passagem de uma rapariga branca. Um grande jornalista português, J.M. Boavida-Portugal, natural de Porto de Mós, na altura subchefe da redacção de "O Século", foi aos Estados Unidos, a convite do Departamento de Estado. Era um homem extremamente afável, de tez escura, e grande apreciador da grande nação e da sua cultura. Não o deixaram entrar num hotel de primeira, e as autoridades tiveram de encontrar uma solução intermédia para o seu convidado, instalando-o numa espécie de pensão mexicana.

« Todos nós sabemos de casos aberrantes, que mancham de opróbrio o imenso país. O nascimento do macartismo não foi o menor, nem o último dos males. Mas a América do Norte dispõe de energias, igualmente poderosas, que colmatam situações de escândalo. E o cinema tem contribuído, com eficácia persistente, para que os direitos e deveres sejam iguais entre as raças.

« Eis porque a vitória de Barak Obama, saudada em todo o mundo pelas forças do progresso e do futuro, é muito mais do que um episódio singular. Ela representa o embate entre o antigo e o moderno, entre o passado e o devir. E, também, o ânimo de um homem que parece ter tudo contra si e, de repente, incarna a História, desafia-a e às suas influências ocultas, arrasta consigo uma avassaladora onda de juventude e fornece ao mundo um novo perfil de sonho.

« Segui, com emoção, as transmissões da CNN e da Sky: escutei os comentadores e aduzi as razões deles às minhas próprias razões. E, fazendo "zapingue", lá dei com aquelas figuras do Eça de Queiroz, numa coisa chamada Quadratura do Círculo, que me pareceu uma manifestação de sonambulismo. O Pacheco Pereira está cada vez mais parecido com o Pacheco Pereira: enfatuado, soberbo, exibindo uma aura de superioridade inteiramente aceite pelos outros. O António Lobo Xavier não é um comentador: é um modelo do Rosa & Teixeira. Dizem-me que é bom chefe de família; eu recordo-o a entoar, apopléctico de gozo, o sambinha "É o bicho, é o bicho!", acompanhando-o com lascivos gestos corporais. Quem pode tomar a sério um cavalheiro assim? O António Costa, é o Costa que há, o Costa que existe, o Costa que o PS tem. O Carlos Andrade foi um jornalista respeitável e até estimável. Falo por mim. Agora, rabeja uma espécie de malícia incompreensível. Não modera: é sacudido. Faz o que pode. E o que pode é muito pouco. O que aquela gente disse, sobre Obama e as eleições americanas, é de bradar aos céus. Nos tempos em que havia chefes de redacção e não editores executivos, qualquer deles ia, durante meses, atender telefonemas, na perspectiva de que seriam aproveitáveis. É uma gente cheia de naftalina, irritada com a marcha das coisas, rangendo os dentes porque julgaram invencíveis as teses que defendiam.

« Evidentemente, a vitória de Barak Obama nada tem a ver com o socialismo. Mesmo o cumprimento das promessas vai-lhe ser difícil. Porém, a dinâmica é outra, porque a origem diferente. Como ele disse: "Não possuo status. A minha formação veio do afecto e do amor." Há muitos anos que não ouvíamos um político dizer coisas tão simples e tão maravilhosas como estas.»


Sempre a dar-lhes...grande Armando!!!

11:03 PM  
Anonymous Anonymous said...

Eu estava admirado...

Já cá faltava a presença do Chagas Aleixo e do seu amigo Armando, duas gerações de esquerdistas, mas sempre defensores do mesmo ideal...

11:16 PM  

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