Agora Sim: Phelps o Maior

Michael Phelps nunca me entusiasmou; não gosto de o ver nadar (contrariamente à elegância monumental de Popov, p.ex). Não gosto que ele reduza outros grandes nadadores. E não gosto do ar dele tão mecânico, tão certinho, e inumano.
"Esta ele não leva". Estafeta dos 4x100 livres, franceses à frente no último percurso, e pela França nadava o Bernard, homem mais rápido dos 100 metros (e que ganhou dias depois a medalha de ouro). Mas o incrível aconteceu; o americano, supostamente bem mais lento, ultrapassou o Bernard e deu o ouro ao Phelps. Nos 100 metros mariposa, ainda hoje não consigo acreditar naquela chegada do Phelps que lhe dá a sétima medalha. E resignei-me; "é o destino".
Phelps decidiu não nadar durante vários meses; e numa festa numa fraternity foi apanhado a fumar droga. E de repente fico muito mais contente com as vitórias dele (tirando os tristes pedidos de desculpa a que o obrigaram); esta nova faceta faz dele um personagem mais rico, mais contemporâneo, e se alguma coisa, um ainda mais extraordinário nadador.
3 Comments:
Tiago,
Ele não foi apanhado a fumar droga.
Foi apanhado com a boca num cachimbo e a agir como se soubesse usar o dispositivo.
Ele sempre admitiu que era ele na foto, sempre disse que era uma imagem infeliz e que não constituia um bom exemplo, mas nunca admitui o consumo de drogas.
Ou seja, foi apanhado com parafernália e demonstrou saber usá-la e foi por isso que foi condenado.
Se ele alguma vez consumiu ou não, não é a questão; neste episódio em concrecto, foi mais o comportamento indiciante que uma ofensa concreta que o tramou.
Eu também sei usar um cachimbo, ou replicar o gesto e nunca consumi.
Agora, consideremos a hipótese que ele consome.
O escrutínio a que está sujeito em termos de controlo anti-doping é tal que já o teriam apanhado há muito.
Se o fez fora do período competitivo, é lá com ele e tem direito à sua pivacidade.
No entanto, foi curioso ler nalguns fóruns, na fase crítica dos eventos, algo que achei interessante:
Alguém, apologista confesso da despenalização do uso de cannabis, inverteu totalmente a argumentação dizendo, e eu acho que bem (apesar de, repito, não ser consumidor), que se o Phelps consome/ia era a prova viva que oconsumo de cannabis era inofensivo, face às performances demonstradas. Ou seja, que o Phelps poderia ser um exemplo de como penalizar, criminalizar e marginalizar está errado.
Tratou-se, a meu ver, duma empolação e mediatização de algo que não se justificava; juntou-se a fome com a vontade de comer: a filosofia tablóide inglesa com a paranóia anti-droga americana. E toca de crucificar o homem.
De resto, ele que continue a nadar e, como ele próprio já disse, depois de 2012 vai começar a viver.
Abraço
he is only human...
Só lhe falta chegar virgem aos 77 anos.
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