Fichados

Óculos de sol partidos; oculista; "custa dez euros, mas vai ficar sem tinta na local da soldadura; já tem ficha de cliente?; por favor sente-se". E a senhora começa por perguntar-me o nome COMPLETO (bem sublinhado): dou três dos meus cinco; BI: invento um número; morada: "eu não quero dar estes dados pessoais todos", faço o gesto de me levantar, convencido de que a senhora me vai parar, pegar nos óculos, aceitar os meus dez euros. Mas ela não diz nada e venho-me embora.

Ficham-nos para tudo: seminários de venda de produtos? Temos que enviar um email onde nos pedem várias informações. Carro? O estado vai obrigar TODOS os carros a terem um chip que vai registar TODOS os nossos movimentos. Telemoveis? As empresas conseguem seguir cada passinho que damos. Para não falar dos registos dos cartões de crédito, facturas detalhadas dos telemoveis, levantamentos de multibancos, que nos colocam com o rigor do segundo num determinado local.

E o mais estranho deste controlo completo, extensivo e visível é ser silencioso. Tudo é tão normal para quase toda a gente, que ao escrever este post sinto-me um doido furioso com a mania da conspiração.