Saturday, December 23, 2006

Diz-me que Me Amas

"A Autoridade da Concorrência não se opõe à compra do capital da Portugal Telecom pela Sonaecom e defende que a operação, desde que sujeita a determinadas condições, poderá melhorar a concorrência no sector de telecomunicações e beneficiar os consumidores."

Transcrito, tal qual, retirado do Público On Line. O número de operadores no mercado vai reduzir-se de três para dois. Mas a concorrência vai aumentar, e os consumidores vão ser beneficiados. Ah, diz-me que me amas, porque quando me fodem gosto que sejam carinhosos.

(É preciso ter uma cara de pau… Adorava ser economista e poder der largas à minha veia imaginativa para chegar às conclusões que sirvam aos grandes chefes. E ainda por cima ser pago a peso de ouro durante esse processo criativo).

6 Comments:

Anonymous Anonymous said...

é tipo adivinha: 'o cavalo branco de Napoleão é castanho'
para ver se o pessoal cai
palhaços...
não há referendos sobre isto?
quem é que elege os membros da autoridade da concorrência? sim, quem lhes deu autoridade?

Eduarda, Matosinhos

7:13 PM  
Blogger Paulo Coelho Vaz said...

O mais impressionante nisto tudo é que a AdC demorou o tempo que demorou, para simplesmente fazer um trabalho sobre encomenda, i.e., alguém lhe disse o que tinha que dizer. Deste modo só a incompetência e improdutividade de Abel Mateus (AM) e da sua equipa fica para a história.

Mas no meio desta trapalhada de AM, não devemos confundir a OPA com a decisão da AdC. A OPA é bem vinda, uma vez que a PT, a mais importante empresa portuguesa, cotada não só em Lisboa, como em Nova Iorque e, apesar de forma indirecta, também na Bolsa de São Paulo, encontra-se, desde a sua privatização, sei um investidor que saiba escolher um rumo a longo prazo e implementá-lo de forma a continuar a fazer crescer o grupo, e com ele todos os shareholders, e consequentemente a economia e Portugal.

Reparem que quase 30% dos accionistas, são fundos de investimento estrangeiros, que só querem o retorno financeiro grande e rápido, sem grande interesse a médio/ longo prazo (entenda-se mais do que 3 anos). Quase 20% encontra-se nas mãos da Telefónica e do BES. Ao primeiro interessou em primeiro lugar travar qualquer tentativa da PT em entrar em Espanha e depois se possível comprar a PT. Se o segundo desiderato não foi ainda conseguido, o primeiro não só foi conseguido em Espanha, como também condicionou a actividade do Grupo PT no estrangeiro (já alguém perguntou porque que é a PT nunca investiu no leste europeu como fez o BCP e a Jerónimo Martins???). Ao BES aquilo que interessa é a rentabilidade do investimento, quer no devidendo distribuído todos os anos e que vão descapitalizando a empresa, quer através dos inúmeros contratos que são adjudicados a empresas financiadas pelo BES, muitas vezes sem competências nem experiência.

Por ultimo temos o estado português, que para além das famosas 500 acções classe A, as tais Golden Share, que não sabe utilizar, tem cerca de 7% (5% da CGD e 2% IFEP). A CGD continua sem saber como se comportar na economia aberta actual, se como a Administração Pública antiga: “não faço nada, não quero fazer nada e estou bem assim”, ou se como um banco privado, onde só o retorno financeiro de grande valor e a curto prazo interessa. Será para quando a CGD ter um plano de investimento estratégica na economia portuguesa ao longo de 10 anos???

Com este quadro de accionista de referência, representado mais de 50% das acções, interessa para salvar esta empresa, um accionista que saiba o que quer, que trabalhe para alcançar os seus objectivos e que saiba esperar pelos resultados.

Aliás só o facto de metade dos 500 milhões de euros de dividendos, passarem a ficar em Portugal já será muito bom para a economia portuguesa.

Bem hajam e bom Natal.

10:56 PM  
Blogger tiago m said...

Caro Coelho,
A tua extensiva e clara análise só reafirma a minha ideia: Esta tem como pressuposto em mãos portuguesas a maior empresa portuguesa.

O pequeno problema é que é feita à custa dos consumidores portugueses, que obviamente vão pagar mais pelas telecomunicações que de outra forma. Confesso que o meu patriotismo não me permite ver muito claro qual a vantagem de o dono desta coisa ser português relativamente a qualquer outra nacionalidade (mas pode ser que sim).

O que me deixa doido é que inventem, e justifiquem a operação em nome dos consumidores.

Espero que o Belmiro não decida vender isto a espanhóis, belgas, americanos ou mexicanos daqui a dois anos, depois de ter feito mais valias como eles dizem. Isso é que era lindo…

12:57 PM  
Blogger Paulo Coelho Vaz said...

Caro Tiago

Não me cabe a mim ser advogado do Belmiro, mas a ideia de que ele vai vender tudo, é uma das maiores mentiras acerca do homem que subtilmente se tem passado para os media e nem ele tem sabido desmentir. Que eu me lembro o Belmiro de Azevedo nunca vendeu as jóias da coroa. Bem pelo contrário.

O que foi vendendo foi pequenos negócios, pequenos para a sua bitola entenda-se, através de processos de MBO, como por exemplo a Ibersol que hoje é um líder ibérico. Ou vendeu os bancos que nuca conseguiu manter totalmente no seu controlo. Nunca vendeu nem a inicial Sonae, a tal dos aglomerados de madeira, nem vendeu o Continente (e de tempos a tempos lá vem o Carefour ou a Wal-Mark a acenar uns milhões...).

Aliás esta história da OPA mostra que ele tenta sempre arranjar soluções para as suas grandes apostas serem ganhadoras! E isso é um exemplo que nós todos os portugueses deviamos seguir.


Um aspecto curioso nesta OPA, é que acaba por ser uma "guerra norte sul", mas não vejo os nortenhos e/ou tripeiros a defender o Belmiro com aquelas máximas tipo "O Belmiro é o maior porque é do Norte!"
Será porque este é honesto, e eles só gostam de mafiosos tipo pintinho e major, ou porque este é mesmo bom e os(as) gajos(as) do norte não sabem o que é ser bom?!?!?!

Boas entradas para todos

4:50 PM  
Blogger Zorze said...

Caríssimo, como muito bem tens comprovado ao longo destes últimos meses, não se deve nunca desprezar o poder do economês.
Sob o risco de perder a pertinência necessária ao devido enquadramento que justifique a conjuntura do sistema em apreço, mediante parâmetros previamente enquadradores das conclusões evidenciadas.

P.S.- Não será uma frase tão boa como a introdução de PS-e-C, ou o magnífico argumento da Autoridade da Concorrência, mas...

11:41 PM  
Blogger tiago m said...

Caro Zorze,
Não substimes os teus dotes em economês. Claramente está no topo; entre os melhores, entre os melhores…

12:11 AM  

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