Tuesday, August 29, 2006

O Interesse Local Não Se Pode Sobrepor ao Interesse Nacional

Frase absolutamente deliciosa (e reveladora…) do ministro do Ambiente na polémica de Souselas: "O interesse local não irá sobrepor-se ao interesse nacional".

(Para mais discussão sobre o assunto post da SG na Bicla).

9 Comments:

Blogger miguel p said...

o conceito teórico de que o interesse geral sobrepoe-se ao interesse particular, parece-me um princípio básico e inatacável.

2:18 PM  
Blogger tiago m said...

pois para mim o interesse nacional É o interesse local. Que um ministro (ainda por cima do ambiente!) diga esta frase, colocando um contra o outro deixa-me estupefacto.

Fico triste com um governo que precisa de invocar o grande desígnio regional, numa lógica de eles contra nós, cortar a direito, este governo não cede a pressões etc, etc.

3:42 PM  
Blogger miguel p said...

tiago
o interesse nacional ou geral é muito mais do que a soma dos interesses locais, quanto muito poderá ser a soma dos interesses regionais, mas dentro de uma estrategia nacional.
se o interesse nacional for, como dizes, o interesse local, não cessará nunca a multiplicação de arrojados aldeamentos turisticos em primeira linha de costa ou dentro de áreas protegidas ou passíveis de protecção, a reconversão urbanistica de áreas ardidas, etc. ("a-bem-do-desenvolvimento-do-concelho") e cabe, sobretudo ao ministro do ambiente fazer valer esse principio do bem geral se sobrepor ao bem (ou ao interesse) local. mais ele assim fizesse.

extrapolando, a travagem da diminuição mundial da floresta tropical húmida, sobrepõe-se ao interesse local ou regional que representa o comércio de madeiras exóticas ou o aumento de pastos para a industria pecuária.

no caso da co-incineração, pode ser discutível a localização e o meio, mas é indiscutível a necessidade de tratamento dos resíduos, seja onde e como for.

4:36 PM  
Blogger tiago m said...

um ministro do Ambiente que num caso destes diz uma frase destas é indesculpável

eu leio esta frase como: Alguém tem que ficar com este lixo e antes vcs que nós.

é curiosamente o reverso do que tu estás a dizer; esta população quer o seu ambiente melhorado (e não estragar território em nome do desenvolvimento do concelho) e o ministro diz que alguém tem que ficar com a poluição em nome do bem nacional. muito, muito, muito feio.

há um ponto muito curioso que tu levantas das florestas húmidas; pois se o mundo civilizado (depois de ter destruído muita natureza para ser desenvolvido…) as quer manter, pois que arranje um sistema que sirva a todos

uma das partes falar do bem comum quando essa parte é que é beneficiada não me parece lá muito curial!

5:06 PM  
Blogger miguel p said...

"eu leio esta frase como: Alguém tem que ficar com este lixo e antes vcs que nós."

"nós" quem? o ministro? o governo? a população dessa entidade sinistra chamada lisboa? os gajos que usam óculos? não percebo. ele, que eu saiba mora em portugal, onde existe um problema e onde foi proposta uma solução, que tem de ser aplicada num espaço físico, não virtual.

a proposta vincula um espaço físico, que dispõe já de uma solução técnica, aliás utilizada também em outros paises, que desconheço ser a melhor ou pior.


qual seria para ti a solução? em souselas não, pelo ingrato de já sofrerem o suficiente com a cimenteira, de acordo. então onde? empurrar indefinidamente até ás berlengas onde só as gaivotas se queixariam? não acho.

que é preciso uma solução integrada para a floresta tropical húmida é óbvio, mas, lá está: numa perspectiva global, de interesse universal, mundial. e de compensações. tal como no caso das plantações de coca, na bolívia e na colômbia. encontrar estratégias de compensação para quem vive disso. mais uma vez "think global, act local".
é muito perigoso confundir interesses locais e regionais, com envergar uns óculos de cabedal do tamanho do seu limite administrativo.

6:30 PM  
Blogger S Guadalupe said...

o interesse nacional prende-se com o livramo-nos do lixo e não com a forma e local escolhido. Claro que ninguém quer lixeiras nem fábricas poluentes no seu bairro, mas elas existem, com aspectos positivos até (em Souselas até há muito pouco tempo não havia desmprego a não ser por situações de exclusão social...).

MAS
questiono é a teimosia e a visão politiquenta da coisa. Andam às turras e são teimosos. Pois se há soluções reivindicadas com o mesmo nível de eficácia e eficiência (financeira) e mais amigas do ambiente, porque insistir nisto? Depois são as cores políticas em jogo: nacional vs local.

Não vejo que seja uma frase digna para aplicar a esta situação.

E no nível "particular" vs o "geral"... estão pessoas! pessoas que gostariam também de ser vistas como fazendo parte do "geral", mas pelos vistos estão enclausuradas no "particular" e daí não sairão... sendo sempre as mesmas a levar com a m... está controlado!

6:50 PM  
Blogger tiago m said...

pois o que o ministro fez com esta frase e com esta tipo de atitude é precisamente separar o que é local e o que é nacional. Divisão em lugar de integração.

Um discurso subliminar para o resto do país: "Alguém vai ter que sofrer e Souselas é um bom lugar para isso e se não nos apoiarem pode ir parar à vossa porta e vcs não querem isso pois não?".

Quanto o ministro usa essa frase "Interesse nacional sobrepôe-se ao interesse local", não está a querer resolver nenhum problema. Está a usar um truque baixo de psicologia de massas para isolar a população de Souselas e o Presidente da Câmara de Coimbra. Um truque usado vezes e habitualmente com grande sucesso.

Não sei qual é a melhor solução e não me pagam para a descobrir nem tenho que ser eu a propô-la. Mas duvido IMENSO que este ministro tenha de facto explorado a sério e a fundo soluções alternativas.

Duma coisa tenho a certeza: a população de Souselas comprovadamente já está a pagar há vários anos a sua quota parte para o desenvolvimento do país. E por uma questão de mera justiça esse interesse local deveria ser a maior preocupação do ministro.

Soluções integradas é o que queremos todos; solução integrada e discurso integrado é o que isto não é.

6:54 PM  
Blogger miguel p said...

ha dois problemas que têm que ser resolvidos, se quiseres, pelo ministro ou pelo governo:
1. a circunstância de souselas ter indices altos de incidências medicas eventualmente associadas a presença de uma grande cimenteira
2.o tratamento dos residuos industriais perigosos.

tu achas que um, o primeiro, é prioritário em relação ao outro, eu acho-os igualmente prioritários, até porque existem outros pontos do país, que sofrem injustamente por circunstâncias litológicas, geográficas ou climatéricas, que se refletem na sua saúde (veja-se o caso do antiga extração de urânio ou do radão na beira alta).

os dois problemas tem de ser resolvidos e não há formulas mágicas. eu insisto que a solução, coincidindo espacialmente, tem de assentar numa estratégia de compensação ás populações atingidas, seja por maior monitorização sanitária, descriminação positiva em termos fiscais, apoio social, mais equipamentos sociais e desportivos e até a perspectiva de mudança de residência e emprego, a expensas públicas. mudam-se aldeias por contrução de barragens, tb. se podem relocalizar outras por motivos ambientais.

isso é querer resolver problemas, agindo localmente por via de uma estratégia nacional.
o ministro quer implantar uma solução e isso é querer resolver um problema. bem ou mal, não sabes tu nem eu.

o que a cmcoimbra fez é que não resolve problema nenhum.

9:14 PM  
Anonymous Anonymous said...

interesse local foi o q um antiga namorada minha me disse qndo eu quis ir alem dos bjs... "tu so tas interessado num local do meu corpo"
eu repliquei c o interesse nacional em a malta crecer e ser + evoluido e fazer co se faz la fora e zau. ja ta.

9:08 AM  

Post a Comment

<< Home