Monday, July 20, 2009

Visão Global, Mais Cedo ou Mais Tarde. Também Brilhantes.

A rádio foi sempre uma das fontes de informação mais relevantes da minha vida. Lembro-me de adormecer a ouvir "O Passageiro da Noite" e de sentir que havia outro mundo grande (por vezes estranho…) lá fora. Depois outros programas como o mítico e mitificado "Som da Frente".

Comprei o meu primeiro rádio portátil (um Aiwa) no Girassolum numa loja de um senhor baixinho, de poucas palavras, que parecia gostar de rádios; na véspera da ir para a Alemanha (no mesmo dia que comprei um casaco azul gordo, luvas vermelhas, e saco verde da Coronel Tapiocca; duas das coisas ainda com vida activa e frequente). Andei com o meu aparelho de rádio todos os dias, aprendendo alemão no processo (um truque maravilhoso para aprender línguas, que o meu pai aparentemente também já usava!) Lembro-me de um programa tipo "Passageiro da Noite" (mas AINDA mais estranho!)

E depois vieram os Estados Unidos, a KQED e a NPR. Ouvi milhares de horas de rádio, com programas de uma qualidade e de um conhecimento detalhado do mundo que me fizeram crescer, aprender, compreender que o mundo é grande (e estranho…). E que há gente que sabe muito sobre muita coisa; e que até por isso é bom sermos humildes, rigorosos, e cuidadosos com as certezas que temos. Morning Edition, All Things Considered, This American Life são programas excepcionais; os noticiários curtos, claros, informativos sem fanfarra; a Newshour do Jim Lehrer o melhor noticiário do mundo.

Deixar a NPR foi das coisas que mais falta me fez; mas vieram os PodCasts e as emissões OnLine que me permitem continuar a ouvir todos esses programas, muitas vezes na forma portatil, com um "rádio" desta vez branco, da Apple em vez da Aiwa, e 30 vezes mais caro.

Não há rádio em Portugal que se possa comparar com a NPR. Entre a Bolsa, o trânsito, as notícias repetidas, o desporto (quer dizer, os treinos de Benfica, Porto e Sporting), a publicidade, o trânsito e ainda a bolsa, os anúncios sobre programas a passar, sobra pouca coisa para falar de alguma coisa relevante; muito mau, muito desinteressante, muito redutor.

E no entanto há momentos brilhantes: Mais Cedo ou Mais Tarde, de João Paulo Meneses: claro, curioso, sem arrogâncias a tentar perceber MESMO o que o entrevistados está a tentar dizer; e o Visão Global, de Ricardo Alexandre: global, detalhado, com a notícia no centro. Não podem ter o acesso aos convidados de Fresh Air, Studio360, ou To the Best of Our Knowlege; mas são tão interessantes como eles.

9 Comments:

Blogger Paulo Coelho Vaz said...

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10:43 AM  
Blogger Paulo Coelho Vaz said...

E a RUC, onde fica no meio de tudo isso?!?!?!
E o teu Agitar?
E a RUA e o teu porgrama lá?

10:44 AM  
Blogger João Paulo Meneses said...

pelo meu lado, só posso agradecer do fundo do coração as suas palavras.
espero que continue a ouvir; voltamos a seguir a setembro

11:56 AM  
Anonymous ouvinte assídua said...

O programa da RUA só teve uma ouvinte assídua... eu!

12:24 PM  
Anonymous Tiago Santos said...

eu tb ouvia o CRIA FM... llooll

Abraço

11:31 PM  
Anonymous ouvinte assídua said...

Aposto que não ouviste os programas todos...

2:09 AM  
Anonymous João Chagas Aleixo said...

Mais um importante e elucidativo documento a retratar a nossa triste realidade. Como só ele sabe escrever:


«NADA DE BOM SE AUGURA»


« Estamos entregues a estas colheitas. Um é mau; o outro (neste caso a outra) é péssimo. O português mediano, dado ao trabalho e sovado pelas preocupações, não sabe o que fazer.

Votar no PCP? Pôr a cruzinha no Bloco de Esquerda? Voltar ao Sócrates? Admitir, sequer, a possibilidade de ser governado pela dr.ª Manuela e, por ela, aquela gente que se atropela na conspiração de interesses, e cujos exemplos de riqueza instantânea têm dado azo às mais atrozes atribulações da nossa piedosa democracia?

As coisas não estão nada bem para os portugueses. Como dizia o meu amigo Novais Correia, oftalmologista distinto e ainda mais distinto camilianista: "Entre estes venha o diabo e escolha."

Eis o "tanto se me dá" em todo o seu esplendor. Eis a ausência de civismo, de cidadania e de cultura ética nas suas mais amargas expressões. A pandemia está por toda a Europa, como a gripe suína. Como é que a pátria de Garibaldi procriou e tem sustentado um homem como Berlusconi. E a França de Voltaire e da Revolução pariu Nicolas Sarkozy?, a quem Régis Debray chamou "um mentecapto hilariante." O amolecimento mental e moral dos europeus não é metáfora. E a lenta supressão das componentes democráticas, nos sistemas tradicionais, começa a preocupar muitos dos que vêem a ameaça fascista como uma realidade.

Na última semana, a importante revista "Le Nouvel Observateur" publicou uma entrevista com John Berger. Este intelectual de 83 anos, pouco conhecido em Portugal, é um dos maiores escritores do nosso tempo. Nasceu em Londres, envolveu-se nos bulícios da época, comprometeu-se, foi perseguido e, agora, vive em França. Diz Berger: "O neoliberalismo, a que chamo fascismo económico, reina, hoje, no planeta. O mundo é uma prisão. Eles mentem-nos e violam-nos. Não podemos acreditar no que dizem esses aldrabões."

Mais adiante, acrescenta: "Procuro, simplesmente, situar-me o mais ao centro possível; quero dizer: no centro da experiência humana. Nos nossos dias, o centro dessa experiência são os marginais. Marginais que, paradoxalmente, são os mais numerosos que vivem no planeta. Os sem-poder compreendem as coisas da vida, enquanto aqueles que detêm o poder não possuem nenhuma ideia do que, verdadeiramente, é a existência."

Aplique-se o conceito à realidade portuguesa. Quando se chega à inquietação de se perspectivar como actores principais da política aqueles que, todos os dias, maçadora e incansavelmente, as televisões e os jornais nos apresentam, efectivamente gente de terceiro plano - então, o assunto é grave. As coisas foram preparadas e conduzidas de molde a serem entendidas como inevitáveis. Não são. O preconceito ideológico, habilmente alimentado por estipendiados em todos os ramos, conduziu-nos a ser dominados pelos "valores" do irretorquível. Ora, o "irretorquível" é a negação absoluta da razão e do acto de pensar.

É preciso e é urgente pensar contra. Contra os que bloqueiam a diversidade cultural; contra os pretensos fatalismos; contra o imobilismo; contra o niilismo; contra a perda de sentido. A nossa criatividade está disponível para combater todos os que negam a importância do homem como factor de transformação. Quando tudo parece irremediavelmente perdido, é quando mais necessitamos das nossas energias, das nossas paixões e das nossas vontades. Queremos continuar a ser mandados por esta gentalha? A experiência vivida pelos sem-poder pode impor à inércia uma nova escala de valores. Viver assim, como vivemos e como se nos promete viver, cabisbaixos e fúnebres, distanciados dos modelos explicativos, ignorando o debate de ideias - mais vale não viver.

O que nos aguarda não augura nada de bom. De um e do outro lado pouco ou nada se pode esperar. A não ser a rotina encardida de um paradigma fatigado, que ora impõe a repressão nas suas diferentes variantes, ora se mascara de democracia.»

Armanado Baptista Bastos

6:24 PM  
Anonymous Anonymous said...

Abaixo todas as raparigas que têm banheira de hidromagagm e que não conviDAM OS AMIGOS!!!!!

Não são merecedoras de confiança!!!

5:10 AM  
Anonymous Rapariga com banheira de hidromassagem said...

O jantar fez-te mal! Ou terá sido o vinho?!...

11:25 AM  

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