Tuesday, September 01, 2009

Bem Vindo Liedson

Nestes tempos de identidade difusa, o desporto aparece como uma das fronteiras de maior tensão nacional. Atletas do Kenia que correm pelo Bahrain a troco de uma pensão vitalícia; e que quando a pensão desaparece, querem voltar a ser do Kenia; filhos de campeões olímpicos soviéticos que ganham medalhas pelos Estados Unidos; cubanos que jogam volei pela selecção da Turquia.

(Fora do Desporto também há casos curiosos: Schwarzenegger, austríaco, com um sotaque serradíssimo, governador do mais importante Estado americano; e o meu favorito: a vitória de Céline Dion no Eurovisão da canção, pela Suiça, com a qual não tinha NENHUMA ligação!)

Um país hoje atrai gente de muitos sítios; e essa capacidade de atracção é também uma medida do próprio país; a identida aparece mais larga do que a identidade genética de uma população.

Em Portugal a tensão cresce com os jogadores brasileiros que muita gente não quer ver na selecção nacional. O próprio Secretário de Estado do Desporto foi bastante claro quanto ao seu desconforto quanto ao assunto: "não permitam que (…) se transforme uma selecção nacional de Portugal numa selecção nacional de portugueses não nascidos em Portugal".

Ora esta situação dos "portugueses não nascidos em Portugal", expressamente dito por um Secretário de Estado deveria ser motivo de repúdio de toda a gente; porque os direitos são os mesmos. Simples: é português, pode votar, pode ser eleito e não pode representar a selecção portuguesa? Seria uma descriminição inaceitável, que em última análise acabaria nos tribunais, e com a Federação Portuguesa a ser condenada por descriminação.

Por isso digo: Bem Vindo Liedson. Que bom que ficaste em Portugal o tempo suficiente para seres naturalizado; e que o que te podemos dar é suficiente para que queiras fazer o que fazes bem por Portugal. Agora és um de nós.

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