Thursday, July 24, 2008

A Lata de Proteger o Seu Próprio Couro

Durante anos não se formou o número suficiente de médicos. Argumentos na altura (de que eu me lembro perfeitamente): "não se pode criar médicos para o desemprego" (proposição aliás completamente ridícula em si própria – um médico não pode estar desempregado?) Resultado: falhas imensas no país, mas MUITO emprego (e MUITO dinheiro) garantido para os já médicos (os mesmos que conseguiram durante anos estagnar o crescimento das vagas).

O Algarve conseguiu, depois de uma luta bastante significativa, nomeadamente com o ministério do Ensino Superior ter um curso de Medicina. Uma vitória para a Universidade, para o Reitor, para o Coordenador do Curso, para a região, e para toda a gente que acredita que o desenvolvimento de um país se faz com gente preparada em todo o país e não só em dois ou três polos (com Lisboa concentrando quase tudo).

Reacção do bastonário da ordem dos médicos: "alertou para o risco de se poderem estar a formar médicos a mais"; e defendeu "uma gestão do número de vagas a nível nacional para que não se estejam a formar pessoas para o desemprego."

Sunday, July 20, 2008

O Desporto que Não Há em Portugal

Um torneio de golfe emocionante (em que um grande campeão do passado quase conseguia uma vitória que eu pensava só hollywood nos podia dar); uma corrida de F1 (em que um irritante inglês ganhou); a volta à França com uma grande etapa e os três primeiros separados por segundos (e mais doping a manchar a coisa); dois jogos de futebol irlandês, um deles a final do Ulster (divertido!); os campeonatos irlandeses de atletismo.

Cinco eventos. Desportos diferentes. Emoção, técnica, a superação do homem por si próprio e dos outros. Ao mesmo tempo, em canais generalistas, acessíveis a quase toda a gente.

Algo que não poderia ver em Portugal, onde o desporto que não o futebol acabou; vejo as notícias dos sites portugueses –inclusive os desportivos (?)–; nada sobre Schleck, Hamilton, Harrington, Norman. No desporto os tempos são piores; estamos a ficar mais provincianos, mais limitados, mais aborrecidos.

Thursday, July 17, 2008

Os Inescapaveis e Maravilhosos ABBA

Há canções às quais não se consegue escapar; o melhor exemplo sendo o "Total Eclipse of the Heart", sem dúvida a melhor canção do século XX, e que de Timor (onde tive direito ao meu primeiro dueto de Karaoke apadrinhado pela grande Bonnie Tyler) a Coimbra, passeando por Schenectady, NY, emociona gerações de membros da espécie humana.

Os ABBA estão nessa categoria; ouvi-os pela primeira vez vindos do andar da vizinha de cima da casa da minha tia; desde aí, os ABBA estão em todo o lado, nos laboratórios de Berkeley, em festas estranhas e surreais em San Francisco, em Timor, em convívios nas várias cantinas da Universidade de Coimbra, nos ambientes Erasmus em Bochum, em discotecas no Brasil, em pubs em Dublin, em festas, na rádio, em lugares sofisticados, assim-assim e mesmo nada; desde há 10, 15, 20, ooops, 25 anos.

Há um filme assustador, musical, com música dos ABBA; e aí estão eles, ainda com mais força, uma, duas canções por noite, pior ainda, um condensado em forma de rapsódia!!!!! Eles são fantásticos, brilhantes (que de outro modo poderiam ser tão bem sucedidos no mundo inteiro?). Mas não haverá forma de os calar?

Wednesday, July 09, 2008

O Meu Herói Improvável

Um inglês, com um passado nazi, multimilionário, director de um dos raríssimos desportos que me dizem pouco, e que pagou 50,000 euros numa pequena festa sado-masoquista, em Chelsea, é o meu herói do momento.

Max Mosley, cuja pequena orgia foi reportada pela imprensa inglesa e (inevitavelmente…) viu a sua festinha aparecer no youtube, está em tribunal exigir compensação pela publicação da notícia. Parece similar ao processo que levou à decadência de Oscar Wilde, pessoas ofendidas por invasão da sua vida privada, recorre aos tribunais para recuperar a sua honra.

Em ambos os casos, a opinião pública provavelmente considera o acusador culpado de crimes tão graves como o acusado (práticas sado-masoquistas com contornos nazis e relações homosexuais com jovens adultos…).

Esperemos que o século XXI seja mais justo que o século XIX.